domingo, 30 de setembro de 2012

Oh Zeca ninguém te ouve!

Ora não é que em dia de manifestações e de revolta contra a situação em que os políticos e os grandes senhores colocaram Portugal, ainda há lugar para abraços, entrega de flores, paixonetas, conversetas, uma última fotografia e tudo geral solidariedade nacional, partilha nas redes sociais e todos querem que o jovem que a 15 de Setembro se cruzou com a Diana a volte a encontrar. 

Primeiro foram os cravos, um gesto que foi além fronteiras e fez mundo pensar que era agora que Portugal iria ter mais uma manifestação. Mas não! Que estes portugueses não querem sangue de revolta, mas que os senhores de Portugal não lhes tirem a vida e que tirem a cerazita dos ouvidos e finalmente, depois de tanto e tanto tempo, consigam ouvir o Zé Povinho. 

 Em dia de manifestação houve direito a abraços aos senhores agentes que queriam estar com o povo e tiveram de trabalhar. E com abraços se passa de desconhecida para a capa das revistas… ora em tempo de crise, até dá jeito uma famasita para ajudar… quiçá não dá direito a um book, agência de modelos e uma vida com dinheiro.

É tudo muito lindo, é de novo o povo português com o sentido de ajuda no auge, entre o facebook, as entrevistas na televisão e nos jornais este miúdo conseguiu ter atenção para ele quando quem precisa de atenção é o país que se está a afundar e não há quem lhe dê uma bóia! 

Oh Zeca, enquanto ainda ninguém te ouve, as pessoas apaixonam-se ganham fama e a revolução fica para trás. Zeca um dia cantaremos a «Grândola, Vila Morena» em frente a assembleia e todos se lembraram de ti. Ah, espera, fez-se isso ontem, lembraram-se de ti, mas continuamos a afundar-nos.

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