
Falamos há anos daquilo que nos atormenta, dos objectivos e
sonhos que temos e do que fazer para os alcançar num país esgotado… mas será
que teremos todos a coragem de arriscar? Fazer as malas, deixar a família e os
amigos para trás? A cultura, o nosso sol de inverno e os passeios à beira-mar ou
na baixa mais acolhedora da Europa… seremos capazes de largar tudo e viver de Skype,
WhatsApp e Facebook para nos aproximarmos de quem deixámos a milhares de
quilómetros de distância? Será ousadia, coragem, desespero ou o pensamento no
futuro e numa vida melhor para quem um dia virá ao mundo… o que (n)os move
afinal?
Quem fica conta os dias, faz contas aos fusos horários, fixa
o Skype à espera que do outro lado alguém fique online para uma chamada, aguarda respostas com horas e dias de
atraso no WhatsApp e desespera por um simples “Like” numa foto como quem diz “ainda
não me esqueci de ti”.
E será que algum dia alguém se esquece? Eles esquecem-se ou
nós esquecemo-nos? Esquecerão eles a palavra mais portuguesa de todas e que só
existe no nosso dicionário, formularão frases para dizer que sentem saudades
quando a palavra “saudade” já fala sozinha? Será que algum dia se esquecem do Cozido
à Portuguesa, do Bacalhau e do Arroz Doce?
Um dia, é provável que a dor e a saudade acalmem, não pelo
esquecimento, mas por nos conformarmos que escolheram o melhor caminho, um
caminho com futuro e que partiram à conquista de sonhos … e assim “tudo vale a
pena, se a alma não é pequena”, já dizia o poeta.
São demasiados anos a entrar no Aeroporto da Portela e a
vê-los partir de coração nas mãos… conheço demasiado bem as chegadas e vejo
nelas o sorriso de quem chega cheio de histórias para contar e se lembra que a
saudade existe, mas acabará por se matar num abraço, em vez de mezinhas e sem
estar online…agora é real.
Até um dia ou até ao próximo mês, nunca se sabe, nunca
saberemos.
Cá te espero, como sempre vos esperei.
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