quarta-feira, 21 de março de 2012

Claques: da dedicação à estupidez


Não estou aqui para criticar arduamente o trabalho desempenhado pelas claques dos clubes portugueses e outros, mas antes fazer uma pequena chamada de atenção e a minha opinião, visto que ainda vigora a democracia e ainda sou livre de exercer a minha voz perante aquilo que acho ou não correcto.


São vários os acontecimentos mediáticos, ou melhor, mediatizados, que nos passam mensalmente pela vista nas televisões, sejam casos nacionais ou internacionais, a verdade é que claques e adeptos dedicam-se, por vezes em excesso, a um clube, ou a uma ideia do que é «fazer parte de uma claque».

No último jogo do Benfica-Porto, terça-feira 20 de Março, pude dar conta de que quando os meros adeptos e simpatizantes de um clube desesperam sentados num banco de estádio, porque o seu querido clube não está a ter o desempenho e resultado desejado, num dos cantos do estádio estão as claques ferranhas a gritar incessantemente pelo clube, pela equipa, por toda uma nação em que acreditam, neste caso, a «nação Benfica». Se não fossem estes senhores e algumas senhoras a incentivar a equipa, acredito que o resultado dos jogos não fosse o mesmo, a verdade é que sentado no sofá de casa ou num banco de café a ser-se «treinador de bancada» ninguém ajuda o próprio clube, apenas se gasta a voz e se bebe mais uma ou outra cervejinha.

Por outro lado, é num estádio que se da conta que a dedicação das claques é levada ao extremo e atinge a estupidez, lasers e bolas de golf, ping-pong ou isqueiros fariam falta em casa não num jogo de futebol a cair em cima dos jogadores adversários e até nos «nossos» jogadores. Vamos a ver se nos entendemos, futebol não é uma batalha campal e o estádio não é um campo de extermínio, ainda que às vezes valesse a pena exterminar um ou outro individuo. Outra das «anormalidades» cometidas pelas claques é o mítico «minuto de silêncio», se é um minuto de silêncio em que se presta homenagem a uma pessoa com importância para o país e para o desporto porque raio é que há sempre uns indivíduos que no seu canto do estádio teimam em cantar os seus cânticos? Eu ainda entendo as palmas, mas o cânticos? Vamos lá deixar de ter tão fraca inteligência e prestar realmente a homenagem que é merecida.

Um dia, tinha eu 15 anos quando pensei «vou fazer parte de uma claque»! Eu tinha algo na cabeça como respeitar o clube, os adeptos e apoiar incansavelmente a equipa até que a voz morresse e o pulmão me saltasse pela boca. Hoje os adolescentes de 15 anos quando pensam em ingressar numa claque, pensam em algo como «vou matar as outras claques, mandar umas coisas à cabeça dos jogadores adversários e acabar a noite na esquadra a ligar ao meu pai».

E depois os senhores polícias ainda vêm para a televisão dizer que «esta noite o cerco está apertado, é um jogo de alto risco, destacamos milhares de agentes....» o blá blá blá do costume, porque só o «cerco» fosse apertado metade das coisas não entrariam no estádio e eu quase não tinha saltado para cima do Hulk para lhe contar uma «bonita história».

Faz-se de um jogo, de um clube, uma guerra em que quase parecemos Nazis a exterminar judeus. E eu que achava que o nazismo já tinha passado de moda, afinal sobrevive nos estádios portugueses.


Vai-se da dedicação à estupidez; os tempos mudam, as claques também.

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